quarta-feira, agosto 22, 2007

Tá atual, ou não?

Quando eu era pequeno, aprendi que numa democracia qualquer um podia ser deputado. Estou começando a acreditar nisso... Um parlamentar censurou a música dos Paralamas do Sucesso que fala que no Congresso Nacional tem 300 picaretas. Não sei porque tem gente reclamando de falta de democracia! Se esse cara pode ser deputado, qualquer um pode ser deputado, portanto, estamos numa democracia...

A afirmação do Lula, reiterada pelo Herbert Vianna, não é de que todos os deputados são picaretas, mas que uns trezentos, ou seja, pouco mais da metade do Congresso é de picaretas. A gente sabe que tem deputados excelentes por aí. Eu mesmo tenho vários amigos deputados, que eu comprei numa liquidação, que são ótimos!

Ora, galera, sinceramente, quem são esses caras para pedirem respeito? São os mesmos que aumentam estupidamente seus próprios salários? São os mesmos que fizeram uma CPI do Orçamento e puniram só uma meia dúzia de uns três ou quatro? São os mesmos que apuraram nome e endereço das empreiteiras corruptoras e depois pegaram grana delas para fazer suas campanhas eleitorais? São os mesmos que formam a tal da bancada ruralista e em nome de uns poucos grandes fazendeiros dão um calote de milhões de dólares nos bolsos de todos nós que pagamos impostos? Isso me lembra uma certa noite, aí em São Paulo, quando eu estava hospedado num hotel perto da Praça da República. Não me lembro bem o nome do hotel, mas sei que tinha um espetáculo de sexo explícito num teatro do outro lado da rua. Estava em cartaz a obra clássica "Elas Gostam é Por Trás", também não consigo me recordar o nome do autor, essa memória...

Pois bem, na falta do que fazer, meu amigo Claudio Manoel me convidou para prestigiar essa obra de vanguarda da dramaturgia paulistana. Como um pouco de cultura não faz mal a ninguém, aceitei o convite prontamente. Uma vez lá dentro, apagam-se as luzes e começa a peça. Apesar do desempenho sofrível de alguns atores, o enredo era bom e conseguia prender a atenção dos espectadores. A peça tinha alguns altos e baixos, mas ia num crescendo, até que chegou a uma cena muito comovente, onde os protagonistas faziam amor, de costas para a platéia. Foi quando um rapaz de profundo bom gosto e muito sensibilidade artística, sentado ao meu lado, protestou: "Tira essa bunda cabeluda da minha frente!"

Vocês imaginam o que aconteceu? O ator principal, o galã, simplesmente interrompeu o espetáculo e, daquele jeito mesmo em que se encontrava, ou seja, nu e em pé, fez um discurso. Exigiu respeito ao trabalho de um profissional. Fez com que se acendessem as luzes da platéia e o inconveniente crítico teatral fosse retirado do recinto. Depois disso continuou, de onde tinha, parado, mostrando um profissionalismo incomum.

Esses deputados que estão censurando a música dos Paralamas são muito parecidos. Mostraram a bunda para a platéia e agora pedem respeito. A diferença é que o nosso Paulo Autran do teatro pornô, só faz o seu espetáculo para quem quiser pagar e os deputados fazem isso com dinheiro público e todos nós somos obrigados a assistir. E o que é pior, não estamos na platéia, mas no papel da atriz principal!!!
(Cláudio Besserman Vianna - BUSSUNDA, em 08/12/2006)

14 comentários:

Fábio Mayer disse...

A situação do Brasil anda tão feia, mas tão feia, que até op Bussunda já pode ser considerado filósofo!

Anônimo disse...

O "pobrema" não é os 300 picaretas, seria fácil dar um jeito, o "pobrema" são os eleitores desses picaretas.
Agora o dePUTAdo não censurou o Lulla que é o verdadeiro autor da frase e se não me engano a letra da música é assim:
"O Luis Inácio falou..."

Anônimo disse...

Túlio, o texto é ótimo, o Bussunda era mesmo um cara super inteligente, mas acho que a data esta errada. O humorista e quase jornalista morreu durante a Copa do Mundo de 2006, realizada no meio do ano. Ao menos que tenha sido psicografado, não teria como ter escrito isso em 08/12/2006.

Túlio disse...

Sei lá, Vivi. Esse aí eu recebi pela internet. E nunca se sabe se é autêntico ou não. Publiquei apenas por achar que tava atual...

Anônimo disse...

Pôxa, Vivi, eu ia dizer a mesma coisa.

E ainda bem que eu li até o final, senão ia dar um puxão de orelha no Túlio. Vem a São Paulo pra ver putaria, e pra mim nem um telefonema?

De resto, concordo plenamente com o texto.

Túlio disse...

Não tenho seu telefone, Lets (aposto que o Palhaço tem).

Vivi disse...

No mínimo, o texto foi escrito em 1996. Se não me engano, a música data mais ou menos desta época.

Vivi disse...

Fiquei encucada e fui conferir a data da música (o CD foi lançado em 1995), porque eu sabia que amava cantar isso a plenos pulmões ouvindo a fita k7 (ai,ai) que tinha gravado do disco de uma amiga minha da época da escola. Ai, ai... faz tanto tempo...
Bom... o engraçado é que acabei parando no site oficial dos Paralamas e no link que fala das raridades da banda, encontrei a letra de uma música composta em 1982 (o ano em que nasci) e nunca gravada por eles. Acho que também tem muita coisa valendo. Olhem só:

Solidariedade, não!

Com óculos escuros e medalhas pelo peito O governante da nação se julga no direito
De tirar de quem trabalha os meios de produção
Tirar de quem pensa a liberdade de expressão

Ele oprime, ele esmaga, ele usa sua força
E no fim ainda sorri nas telas de televisão
Sorri nas telas de televisão

Com um fuzil na mão e na cabeça um ideal
De derramar o próprio sangue pela honra nacional
Soldado dominado bate no trabalhador
Bate em seus compatriotas, seus amigos, seus irmãos
Bate em todo movimento operário da nação

Em seu ouvido ecoa um grito
Solidariedade, não!

Túlio disse...

Vivi?
Quer a vaga de historiadora do blog?

tom paixão disse...

pois é, e um cara desses morre.
e querem que eu creia num deus. ainda mais que outro dia foi embora o poeta bruno tolentino.
é como dizemos no bar do rogério, lá no concórdia: todo mundo morre. menos o... e a ...e mais...
enfim.

Anônimo disse...

Túlio, quer o número da Leticinha?

Não dou!!!


Oi Vivi...



Palhaço

Anônimo disse...

Que bonitinho! Meu prefixo é (11) 3862. Se virem pra adivinhar o resto.

Anônimo disse...

Ops! Já ia me esquecendo: o único ente aqui que tem meu número é o Fábio Max. Mais não digo.

Túlio disse...

Ah seu Fábio!!!!
O mais quietinho... E nem mineiro é.