Já era madrugada em brasólia. No Palácio do Planalto, apenas uma sala estava iluminada. Pelos corredores escuros, ecoava um sussurro, quase inaudível. À medida que se aproxima do único ponto de luz, a voz se torna mais e mais clara, até explodir num grito:
- cêpêemiéfi, cêpêemiéfi, cêpêemiéfi, CÊPÊEMIÉFI!!
Atrás da mesa, Luiz Inácio, ô Luiz Inácio, acorda assustado.
- Ufa! Foi çó um çonho. Achei que a cêpêemiéfi tinha caído. Vê só!
De repente, seus olhos caem sobre uma cópia da Gazeta de Garanhuns que estava sobre sua mesa. A manchete SENADO REJEITA CPMF provoca um novo espasmo.
- ALOPRADOS!!! Mas eles vão me pagá. Ah se vão.
Foi quando as luzes começaram a piscar.
- Só falta agora vir o apagão. Mas eu programei ele só pro próximo governo...
Uma voz fantasmagórica ecoa.
- Lula Iscrudgi... Lula Iscrudgi...
Noço Guia olha em volta e não vê ninguém.
- Quem é? – Pergunta ele aterrorizado.
- Luiz Inácio. Ô Luiz Inácio!
- Ah. É você Mão Santa? Cê me açustou.
- Não... Não é o Mão Santa.
- Então quem é?
Nisso uma figura se materializa na sua frente. Noço Corajoso Guia pula pra trás da cadeira. A figura que se materializa é um ser asqueroso. Magro, um pouco abatido apesar de bastante queimado de sol, e careca.
- Marcos Valério?!? É você?
- Sim Luiz Inácio.
- Quê isso. Pode me chamar de Lula. Nós semo íntimo. Mas vem cá, desculpa perguntar, mas: você morreu?- Não. É só pra história fazer algum sentido que eu vou aparecer como fantasma.
- Ah, que bacana!
- Vem cá. Fui lá na sua casa e você não estava. Quê que cê está fazendo tarde da noite aqui no Palácio?
- Ora, eu tava trabalhando. Eu sô trabaiadô!
- Não, sério.
- É verdade. Eu tava escrevendo meu discurso qui eu vô fazê na ONU e caí no sono.
- Você escrevendo? Tá querendo enganar quem?
- Tá bom. Eu tava lendo o discurso que minha açeçoria feiz.
- Sei.
- Tá bom. Eu tava lendo uma revista da Mônica.
- Lendo?
- Óquei. Eu tava vendo as figurinha e durmi.
- Chega de conversa! Eu vim te avisar. Lembra de como eu era quando vivo? Eu roubava, comprava votos, subornava e era subornado...
- Se lembro. Era uma alegria só.
- Era. Mas eu estava errado, Lula Iscrudgi. Agora eu estou condenado a passar a eternidade numa praia no Caribe.
- Não me parece tão ruim.
- Mas sem protetor solar.
- Ahhhh!
- Essa noite, você receberá três fantasmas. Você deve fazer o que eles mandarem. É pro seu próprio bem.
- Tá.
- O primeiro é o Fantasma do Metalúrgico Passado.
- Ah... Que bom. Ele anda sumido. Quase não me lembro dele.
- Cuidado Lula Iscrudgi. Cuidado com a danação eterna. Cuidado... Cuidado...
O fantasma repetia essas palavras enquanto desaparecia no ar. Noço Guia, mais aliviado, sentou na cadeira, pôs os pés em cima da mesa e cruzou os braços atrás da cabeça.
- Ah. Tô doido prá eçe metalúrgico chegá. Pra gente tomar umas pinga e relembrá os véio tempo. Será que ele tem o mindinho?...
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* Gravuras: Edu.
5 comentários:
Quem é o próximo?
Eu só posso escrever um capítulo a partir de quinta-feira, hoje estou num deusnosacuda aqui!
Ué
Patinha e Shirley... estamos aguardando suas contribuições!
Pois é, Fábio.
Botam pilha e depois...
Tá, já entendi...
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