sexta-feira, dezembro 05, 2008

O Natal de Suzana - IX

A espera pelo jornal deixa Suzana inconsolável. Tentando passar o tempo ela resolve fazer seu exercício semanal para a memória. Nua, em frente ao espelho de parede inteira de seu quarto, tenta se lembrar de todas as suas cirurgias plásticas por ordem cronológica.

Quando a contagem de cirurgias atinge 57, Suzana não consegue mais se concentrar:

"Não dá. Não consigo. Preciso saber o que aquele cafajeste aprontou desta vez. Já ouvi desaforos demais só porque parei de pagar o Flat da mãe dele na Barra. O que ele ta inventado agora".

Ela passa a mão no roupão de seda chinesa (um mimo particular que ela "guardou" do figurino da última novela das oito) e vai rapidamente para a sala de seu apartamento tentando entender a demora da Filó...

Impaciente pega o telefone e, andando de um lado para outro da sala, liga para sua amiga mais próxima para saber se tinha alguma novidade sobre ela circulando por aí. Sua amiga é a Clô (apelido carinhoso que a amiga ganhou quando o irmão mais novo, colega de escola da Suzana, Clóvis Bornay* faleceu).

-Clô querida, tudo bem? Sou eu, a Sú!.

- Sú? Que Sú?

- Puta que pariu! Suzana Vieira aquela garotinha que te levou as alianças em seu casamento em 1923.

- Claro, Suzana tudo bem?

- Nada querida... Estou aflita com minha situação. Você ta sabendo de alguma novidade, alguma fofoca nova a meu respeito?

- Suzana minha flor. Já te falei pra não faltar às aulas de informática aqui do asilo. Pela internet você fica sabendo de tudo em primeira mão.

- Internet, eu sei, eu sei, meu neto já me disse isso. Não consigo, não entra na minha cabeça loira essas coisas de modernidade... Deixa pra lá, um beijo...

Enquanto se despedia de sua amiga e ainda caminhando pela sala do apartamento, ouve um ruído forte vindo pela janela. Lembrava o ruído que fazia de quando seu pai abatia um porco na fazenda. Correndo para ver o que era, deu para ver com seus 7,9º de hipermetropia, uma mulher estirada na rua, vestindo o uniforme de doméstica inconfundível comprado na Daslu a apenas 1 semana.

Filóóóóóóóó!!!!!!!! Nãããããoooooooooo!!!!!!!!


* Era o mais novo dos doze filhos de mãe espanhola e pai suíço, um dono de uma loja de jóias em Nova Friburgo. Na sua juventude, durante a década de 1920, descobre no carnaval sua grande paixão. Começou sua carreira em 1937, quando conseguiu convencer o diretor do Teatro Municipal do Rio de Janeiro a instituir bailes de carnaval de gala com concurso de fantasias, inspirado no modelo dos bailes de Veneza.

(Ricardo Andrade)

13 comentários:

Túlio disse...

Como se vê, Ricardo também é cultura.

Ricardo Andrade disse...

HEHEHE....
Não entendi!?!?!?!?!
HEHEHE....

Anônimo disse...

Peraí. Peraí, peraí, perai!!

Parem as máquinas!!!!

QUEM É Ricardo Andrade?

É bonito, é solteiro, ganha bem... Quem é?

(brincadeirinha, Ricardo, é uma forma de lhee dar boas vindas, já que não lembro de você ter comentado antes aqui...)

Túlio disse...

Ê, Lets, Ricardo, também conhecido como meu irmão, é bonitão sim (puxou o irmão) e ganha muitíssimo bem (isso ele não puxou de mim, não) e casado, viu assanhada?

TOM PAIXÃO disse...

(lignguajar chulo em homenagem ao papai noel, este grende filho de uma grande puta)
porra, começou a porra do nepotismo, porra!
pena que o catulo já morreu, ou vocês veriam o que é bom pra tosse.
mas gostei.
"minha" filó se fudeu numa boa. mas, vem cá, ela se fudeu mesmo?
tcharammmmmmm...

TOM PAIXÃO disse...

ei, e o eduardo andrade? e o gutierrez? o luiz edgar? o haroldo?

Fábio Mayer disse...

O RicardoTulio veio é salvar nossa experiência literária!!!

Seja benvindo!

(Não consigo continuar essa história. Meu único personagem de ficção é o sósia do hómi, não consigo encaixá-lo nessa história...)

Anônimo disse...

Desconfiei, Túlio. Pelo sobrenome.

Seja bem-vindo, Ricardo! Casado mesmo, bonitão mesmo, cheio da grana...

Não tem importância...

Fábio Mayer disse...

Cheio da grana Ricardo?

Vai se misturar com os pés-rapados daqui?

Túlio disse...

Túlio nepotista!!!

Ricardo Andrade disse...

Puts...

Não sabia que ia criar tanta polêmica...

Letícia e Fábio, obrigado pelas boas vindas! Tentarei ser assíduo...

Túlio, bonitão e cheio da grana é por sua conta... Agora casado é verdade.

Tom, é nepotismo sim... E daí...

Ricardo Andrade disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
TOM PAIXÃO disse...

suzana quase se desespera. foi a primeira vez em que mal disse as váris plásticas. afinal, queria demonstrar para expedito e para a síndica que estava consternada com o infausto acontecimento com sua empregada. (tá, ela sabia que o politicamente e hipócrita correto mandava dizer secretaria do lar, que nem a ana maria braga ensinou. mas, porra, ela era mesmo a empregada da casa, caceta! "foda-se aquela loira falsa com aquele papagaio gay pedófilo", ela pensou.).
aliás, a síndica, que era gorda, disforme, cheia de liguajar jurídico e pose de ter amizade com políticos cassados ou em vias de, era uma cobra. mas suzana, com a força de ser uma global, a ignorava solenemente. até que ela tocou no calo: "dona vieira(ela tinha o irritante modo de chamar a todos pelo sobrenome), a senhora vai tratar de sua empregada aqui? suzana fez um esforço sobre humano pra mostrar seu desagrado. e disse, voz gutural: