A espera pelo jornal deixa Suzana inconsolável. Tentando passar o tempo ela resolve fazer seu exercício semanal para a memória. Nua, em frente ao espelho de parede inteira de seu quarto, tenta se lembrar de todas as suas cirurgias plásticas por ordem cronológica.
Quando a contagem de cirurgias atinge 57, Suzana não consegue mais se concentrar:
"Não dá. Não consigo. Preciso saber o que aquele cafajeste aprontou desta vez. Já ouvi desaforos demais só porque parei de pagar o Flat da mãe dele na Barra. O que ele ta inventado agora".
Ela passa a mão no roupão de seda chinesa (um mimo particular que ela "guardou" do figurino da última novela das oito) e vai rapidamente para a sala de seu apartamento tentando entender a demora da Filó...
Impaciente pega o telefone e, andando de um lado para outro da sala, liga para sua amiga mais próxima para saber se tinha alguma novidade sobre ela circulando por aí. Sua amiga é a Clô (apelido carinhoso que a amiga ganhou quando o irmão mais novo, colega de escola da Suzana, Clóvis Bornay* faleceu).
-Clô querida, tudo bem? Sou eu, a Sú!.
- Sú? Que Sú?
- Puta que pariu! Suzana Vieira aquela garotinha que te levou as alianças em seu casamento em 1923.
- Claro, Suzana tudo bem?
- Nada querida... Estou aflita com minha situação. Você ta sabendo de alguma novidade, alguma fofoca nova a meu respeito?
- Suzana minha flor. Já te falei pra não faltar às aulas de informática aqui do asilo. Pela internet você fica sabendo de tudo em primeira mão.
- Internet, eu sei, eu sei, meu neto já me disse isso. Não consigo, não entra na minha cabeça loira essas coisas de modernidade... Deixa pra lá, um beijo...
Enquanto se despedia de sua amiga e ainda caminhando pela sala do apartamento, ouve um ruído forte vindo pela janela. Lembrava o ruído que fazia de quando seu pai abatia um porco na fazenda. Correndo para ver o que era, deu para ver com seus 7,9º de hipermetropia, uma mulher estirada na rua, vestindo o uniforme de doméstica inconfundível comprado na Daslu a apenas 1 semana.
Filóóóóóóóó!!!!!!!! Nãããããoooooooooo!!!!!!!!
* Era o mais novo dos doze filhos de mãe espanhola e pai suíço, um dono de uma loja de jóias em Nova Friburgo. Na sua juventude, durante a década de 1920, descobre no carnaval sua grande paixão. Começou sua carreira em 1937, quando conseguiu convencer o diretor do Teatro Municipal do Rio de Janeiro a instituir bailes de carnaval de gala com concurso de fantasias, inspirado no modelo dos bailes de Veneza.
(Ricardo Andrade)
13 comentários:
Como se vê, Ricardo também é cultura.
HEHEHE....
Não entendi!?!?!?!?!
HEHEHE....
Peraí. Peraí, peraí, perai!!
Parem as máquinas!!!!
QUEM É Ricardo Andrade?
É bonito, é solteiro, ganha bem... Quem é?
(brincadeirinha, Ricardo, é uma forma de lhee dar boas vindas, já que não lembro de você ter comentado antes aqui...)
Ê, Lets, Ricardo, também conhecido como meu irmão, é bonitão sim (puxou o irmão) e ganha muitíssimo bem (isso ele não puxou de mim, não) e casado, viu assanhada?
(lignguajar chulo em homenagem ao papai noel, este grende filho de uma grande puta)
porra, começou a porra do nepotismo, porra!
pena que o catulo já morreu, ou vocês veriam o que é bom pra tosse.
mas gostei.
"minha" filó se fudeu numa boa. mas, vem cá, ela se fudeu mesmo?
tcharammmmmmm...
ei, e o eduardo andrade? e o gutierrez? o luiz edgar? o haroldo?
O RicardoTulio veio é salvar nossa experiência literária!!!
Seja benvindo!
(Não consigo continuar essa história. Meu único personagem de ficção é o sósia do hómi, não consigo encaixá-lo nessa história...)
Desconfiei, Túlio. Pelo sobrenome.
Seja bem-vindo, Ricardo! Casado mesmo, bonitão mesmo, cheio da grana...
Não tem importância...
Cheio da grana Ricardo?
Vai se misturar com os pés-rapados daqui?
Túlio nepotista!!!
Puts...
Não sabia que ia criar tanta polêmica...
Letícia e Fábio, obrigado pelas boas vindas! Tentarei ser assíduo...
Túlio, bonitão e cheio da grana é por sua conta... Agora casado é verdade.
Tom, é nepotismo sim... E daí...
suzana quase se desespera. foi a primeira vez em que mal disse as váris plásticas. afinal, queria demonstrar para expedito e para a síndica que estava consternada com o infausto acontecimento com sua empregada. (tá, ela sabia que o politicamente e hipócrita correto mandava dizer secretaria do lar, que nem a ana maria braga ensinou. mas, porra, ela era mesmo a empregada da casa, caceta! "foda-se aquela loira falsa com aquele papagaio gay pedófilo", ela pensou.).
aliás, a síndica, que era gorda, disforme, cheia de liguajar jurídico e pose de ter amizade com políticos cassados ou em vias de, era uma cobra. mas suzana, com a força de ser uma global, a ignorava solenemente. até que ela tocou no calo: "dona vieira(ela tinha o irritante modo de chamar a todos pelo sobrenome), a senhora vai tratar de sua empregada aqui? suzana fez um esforço sobre humano pra mostrar seu desagrado. e disse, voz gutural:
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